terça-feira, 15 de julho de 2014

Traga mais champanhe!


Não, não vá embora agora, sente-se agora você irá ouvir tudo que eu tenho pra te dizer,
não comece a ficar nervoso, se acalma, nunca vi sua veia pulsar tanto, garçom, traga mais champanhe, traga mais petiscos, traga o melhor que tiver na casa, afinal esse é o nosso último jantar, vai ser a última vez que você gasta uma coisa comigo.
Cadê as palavras que você me dizia? minta mais uma vez! Minta igual você mentia quando me conheceu e me disse que eu era a coisa mais linda da sua vida, minta igual os planos que você fazia, minta igual você fazia quando disse que seríamos pra sempre, minta igual quando você disse que seria fiel, não abaixe a cabeça, não faz o seu feitio, você sempre foi tão risonho e alegre, talvez porque antes os seus planos davam certo, você nunca foi pego em flagrante, sorria que nem naquele dia quando eu cheguei mais cedo e vi você lá nossa cama, não se vá meu bem , senta aí, que eu ainda não acabei, e se tem alguém que devia ir embora, esse alguém sou eu, mais uma taça, garçom.


Não chore, eu sei que você não está arrependido, e me diga quantas vezes você se reunia com seus amigos para rir da boba que acreditava em você? Me diga quantas transas maravilhosas você teve com o pretexto de que ia fazer hora extra no trabalho? Me diz quantos dinheiro você gastou  em hotéis com ela enquanto dizia em casa queria esperar um aumento de salário para ter nosso primeiro filho? Me diga o escravo sexual que ela fazia de você, para você chegar em casa e só conseguir me dá um selinho dizendo estar exausto, me diz quantas vezes você olhava pra mim e pensava que idiota, acredita em tudo que eu digo, e me diz se ela te serviu tão perfeitamente quanto aquele prato que amanheceu na mesa esperando você chegar para jantar, agora você diz estar envergonhado, e quer embora, pede para eu parar com esse jogo, mas eu não vou parar, cale essa maldita boca e sente aí até eu consegui botar pra fora toda a raiva que eu senti ao descobrir quem realmente era você, fique quieto e ouça a revolta de uma mulher que um dia foi sua.
Não fique inquieto, se acalme, não é  nosso primeiro encontro, é o último somente, depois que sair desse restaurante, você nunca mais vai me vê na sua frente, por isso aproveite, aproveite o tempo que tem para olhar, me olhe bem e guarde essa memória para sempre, porque ao se levantar, eu me tornarei outra mulher, e não se gabe achando que foi você que me transformou nessa nova mulher, foi eu mesma que mudei, e foi pra melhor, a ingenuidade nunca me levou a nada mesmo, só favorecia, mas me conte como era conviver com a dor da culpa ou você era tão descarado que nem sentia mais? Olhe, velho conhecido, me diga como era ter que fingir de casal feliz para a sua família, ou será que eles sabiam? me diga como é a sensação de ter uma mulher que te dá tudo e mesmo assim é insuficiente, velho conhecido, sabia como era ser a única enganada?  todas minhas amigas, seus amigos, sua família e até os vizinhos comentar e eu ser a única duvidar, brigar com elas defendendo você, nosso amor, como eu fui tão idiota, essa é minha última taça de champanhe, eu te juro.
Estou indo, não, não precisa se levantar, não banque o cavalheiro agora, esta aí as joias que você me deu, elas não tem mais nenhum valor pra mim assim como você, dê de presentes para ela, gostaria te desejar o melhor, mas nem se eu voltasse no tempo e fosse aquela doce e querida esposa que você teve, eu conseguiria engolir isso, e felizmente uma coisa que eu não aprendi com você, foi a ser hipócrita, então desejo que faça o que você bem quiser da sua vida, como você só  faz merda, você irá se acabar no seu próprio buraco, Adeus velho conhecido, garçom, traga a conta!

                                                            Tainá Moura

                                                                   

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