Sobre a pressa de crescer

Mágico seria se todos nós preservarssemos a pureza da criança que fomos um dia.
No mundo de fadas do dente, bruxas, coelhinho da páscoa, papai noel, e o homem do saco, por detrás de tudo isso encontramos uma deliciosa criança, alegre com os olhos bem brilhantes, como se achasse que tudo resolvesse com uma boneca da barbie nova, que seus país são os heróis, que eles sabem de tudo, e podem te proteger de todo o mal, que joelhos machucados não doí mais porque a mamãe passa merthiolate e assopra em seguida, e que papai conta uma historinha antes de ir dormir,e a vovó faz o bolo mais delicioso do mundo, e o tio solteirão que dá os melhores presentes, nesse mundo tão encantado em que vivemos na infância, nos faz duvidar desses adultos tão descrentes da vida que nos tornamos.
Talvez seja porque ninguém nos contou que fazer chantagem de biquinho só vai funcionar na nossa infância, que nossos heroís irão partir um dia, e que ficará um buraco imenso em nosso peito, ninguém nos contou que a vovó não ia está ali pra sempre fazendo aqueles bolos deliciosos, e com o tempo quase não viríamos o nosso tio alegre e que os presentes diminuiriam a cada ano, até se resumir em uma ligação de "Feliz aniversário, sobrinho(a)", ninguém nos contou que a bruxa que tanto tememos está dentro de nós, e são nossos medos que impede de ir atrás de nossos sonhos, se tivéssemos um pouco da coragem que tínhamos na infância, naquele tempo nos éramos imortais, subíamos em muro, dávamos cambalhota, enfrentava a mãe, mesmo sabendo do poder do chinelo, nos achávamos que tinha um mundo em nossas mãos, quando crescemos vemos que a vida não é um conto de fada, ela tem um pouco de bicho papão, ela é uma montanha-russa de emoção, você nunca vai ser 100% feliz e nem 100% triste, ninguém , nunca contou que as nossas amigas de infância iam se afastar com o tempo, até se resumir a uma mensagem no celular ou encontro no meio do famoso "Tá sumida, vamos marcar algo", ninguém nos contou que a magia do pique-pega, pique-esconde ia se perder com o tempo, e ninguém nos contou que íamos ficar tão sedentários com o decorrer dos anos, que reclamaríamos de ter que andar 10 quilômetros, ninguém nos contou que o par perfeito não existe, assim como nós não somos perfeitos, nossos familiares sempre nos avisavam, curta esse tempo, não volta, fase boa, essas frases sempre entravam por um ouvido e saíam pelo outro, porque legal mesmo naquele tempo, era ser adulto, era ser grande, tomar suas decisões,as meninas tinham pressa porque queriam ter seios grandes, pintar as unhas que nem a mamãe, usar maquiagem e se equilibrar naquele salto alto, e os meninos queriam sua namorada, queriam ser que nem os jogadores, queriam sair sem ter hora pra voltar, ingênuos, acreditávamos que precisávamos crescer para ser felizes,não sabendo que a felicidade estava naquela brincadeira de dançar o tchan, botar uma mexa colorida no cabelo, querer brincar com o Ken mais bonito,ficar de mal só cortando o dedo do amigo, brincar de bem-me-quer e jogar futebol fingindo ser o Ronaldo.
Ninguém nos preveniu que com o tempo as coisas iam se encaixando, e a gente ia percebendo que nem tudo tinha a magia que a gente via com os olhos infantil, ninguém nos avisou que depois de alguns anos, íamos encontrar uma foto de nossas infância caída no chão, amarelada com os anos, sorrir e pensar : "Ah se eu pudesse voltar nesse tempo..."

"Eu erro, porque a vida não vem com manual de instrução, e mesmo se viesse eu continuaria errando, porque cá entre nós, eu nunca fui do tipo que lê manual de instrução, eu vou montando as peças, se dê certo, deu, se não, eu desmonto e recomeço outra vez."


                                        Tainá Moura